domingo, 15 de maio de 2016


terça-feira, 19 de novembro de 2013

RN não consegue negociar eólicas - Tribuna do Norte

RN não consegue negociar eólicas - Tribuna do Norte
Andrielle Mendes - Repórter

O Rio Grande do Norte não conseguiu negociar nenhum dos 71 projetos de parques eólicos que habilitou para o leilão de energia realizado ontem pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Essa é a primeira vez que o RN não consegue emplacar nenhum projeto, desde que passou a disputar leilões com a participação de eólicas, iniciados em 2009. O estado chegou a ser líder em leilões de anos anteriores.

Para Élbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABBÉolica), o resultado já era esperado. “O fato do estado ter conseguido habilitar 71 parques não significava que ele tinha segurança de conexão (pré-requisito para aprovação dos projetos). Todos os estados que aprovaram projetos tinham conexão garantida”, analisou. No Brasil, 39 projetos de parques eólicos foram aprovados – 10% do total habilitado. Juntos, deverão gerar cerca de 867 MW e consumir R$ 3,3 bilhões em investimentos. 

Carência

O secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Rogério Marinho, admitiu que a carência de subestações e de linhas de escoamento de energia penalizaram o Estado, que já vinha perdendo posições nos últimos leilões. O Estado, segundo ele, só recuperará a competitividade em 2014, depois que o governo federal licitar a construção de novas linhas para escoamento de energia. “O RN perdeu competitividade em razão da falta de estrutura e de mudanças nas regras do último leilão. Isso com certeza adiará novos investimentos”.

A Chesf, responsável por instalar as linhas no RN, anunciou que mais uma vez descumprirá o prazo para o trecho que deveria ter entregue em dezembro de 2012. A linha, que interliga Extremoz à João Câmara, e que seria instalada no mês passado, deveficar pronta só no final de dezembro, disse  Marinho. No RN, há pelos 11 parques eólicos ‘parados’ por falta de linhas de transmissão.

Jean-Paul Prates, ex-secretário estadual de Energia e atual diretor do Centro de Estratégias em Energia e Recursos Renováveis (Cerne), classificou o desempenho do RN como ‘lastimável’ e disse que o estado deveria extrair algumas lições do leilão realizado ontem. “Quem continuar acreditando que para ser bem sucedido no setor eólico basta ter vento, vai ficar falando sozinho e permitir que o RN perca espaço para lugares com menos potencial, menor fator de capacidade mas com mais iniciativa e ação governamental”, justificou.

Nenhum estado  conseguiu emplacar projetos de usinas solares no leilão, o primeiro a contar com a participação dessa fonte no país. O custo da energia solar, segundo o setor, ainda é alto e atrapalhou a fonte na disputa.  A Helius Projetos, que cadastrou três projetos de usinas solares no RN, para o leilão de dezembro, disse ontem que poderá não seguir adiante da disputa. A empresa frisa que o preço-teto estabelecido pelo governo federal (R$ 122/MW) não cobre os custos de produção e fica abaixo do que espago pelo mercado no ano passado (R$ 250/MW). A empresa planejava investir R$ 450 milhões na construção das  usinas.